Como será o futuro da construção civil nos próximos 10 anos?

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A Inventta tem analisado diversas tendências de mercado nos últimos anos e, dentre elas, o setor de construção civil se destaca. O crescimento desse setor nos últimos anos abre os olhos de investidores, engenheiros, arquitetos e construtoras para novas ferramentas e tendências que vão ditar o futuro da construção civil. 

Para você, leitor, que busca entender um pouco mais desse mercado, existem muitas tendências que merecem uma atenção especial. Novas construtechs e proptechs surgem e as soluções oferecidas para o setor são inúmeras. Nesse sentido, chegamos em algumas tendências macroeconômicas para o horizonte de 5 a 10 anos que irão moldar os rumos do setor. Veja a seguir.

 

 

Confira as principais tendências para o futuro da construção civil

 

futuro da construção civil

 

1 – Casa Modular / Novos materiais de construção

 

A construção modular, em média, chega a ser 30% mais rápida do que uma construção comum (de alvenaria), diminuindo, por exemplo, prazos de entrega. Esses módulos podem ser pré-fabricados, o que facilita a padronização do produto e a logística da construção. Dessa forma, podemos considerar alguns pilares essenciais para a construção modular:

  • Velocidade de execução

Os módulos são transportados para o local da obra em painéis compactos, com base em logística just-in-time e gestão eficaz da cadeia de valor, para que a montagem aconteça no menor prazo possível e de acordo com o planejamento. Sendo assim, os profissionais que trabalham na montagem on site são responsáveis por uma gama maior de tarefas, gerando alta produtividade com grande economia de tempo.

  • Custo reduzido

Associada a uma gestão eficiente, a construção modular  ainda traz a possibilidade de mobilizar sua mão de obra e operação em outros projetos, resultando, assim, em mais entregas e sem atrasos.

  • Padronização da Qualidade

Como já foi citado, a construção modular utiliza muito da pré-fabricação. Enquanto na construção artesanal a precisão depende das medidas tiradas na obra, a pré-fabricação tem mais facilidade na utilização de gabaritos, por exemplo. Além disso, a organização da obra é facilitada para uma entrega pontual e sem impactos visuais e físicos no terreno.

A construção modular possibilita um maior controle sobre a quantidade de recursos necessários para uma obra e, assim, desperdícios podem ser evitados.

 

2 – Otimização do planejamento e execução das obras

 

A construção civil é um dos setores menos produtivos e digitalizados da indústria. A falta de produtividade e as atividades manuais tornam todo o processo custoso. Esses custos envolvem diferentes aspectos, desde a compra de materiais que não são usados e geram desperdício, até a contratação de uma mão de obra que está sendo impedida de trabalhar por algum motivo, como a falta de material, por exemplo.

Dentre a otimização tradicional, pensamos inicialmente em 4 pontos:

  • Avaliação de viabilidade técnica: realizar obras viáveis, isto é, que se enquadrem no orçamento disponível e em terreno aplicável para construção, evitando gastos gigantescos e desnecessários;
  • Orçamento: depois da etapa de viabilidade, é realizado o trabalho orçamentário, calculando-se os custos operacionais de mão de obra, materiais e afins;
  • Cronograma: são estabelecidas todas as datas necessárias para se efetuaram todas as etapas e ações da obra;
  • Data-limite: Definição das deadlines principais.

 

Além disso, podemos pensar em soluções disruptivas que podem mudar essa situação no futuro da construção civil. Um exemplo é o uso de inteligência artificial.

Com o uso de IA na construção civil, é possível, por exemplo, identificar violações do código de normas regulatórias e notificá-las em tempo real. São casos como: violação dos procedimentos operacionais em equipamentos, não cumprimento de requisitos em certificações válidas, falta de uso de EPIs (capacetes e óculos de proteção), entre outros.

Ainda é possível utilizar automação a distância em máquinas que apresentam riscos de operação. Isso evita uma série de acidentes que são comuns na exposição humana à tipos de instrumentação pesada. Dessa forma, os perigos à saúde do trabalhador são mitigados, sem perda de eficiência.

O diferencial da Inteligência Artificial em relação às outras tecnologias é que ela pode sintetizar múltiplos dados e aprender com eles, já que essa produção de dados na construção civil se torna constante. Ou seja, as informações impactam diretamente a tomada de decisão, a gestão e a mitigação de riscos. Já a análise desses dados permitirá um benchmarking mais preciso do setor e um planejamento futuro superior.

 

3 – ESG

 

Mundialmente o setor da construção gera 30% do total de emissões de gases de efeito estufa e 40% do uso de energia, enquanto usa 32% dos recursos naturais do mundo, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Baseado nisso, fica claro como a indústria da construção civil tem um papel importante para desempenhar iniciativas para mitigar e reduzir as mudanças climáticas. Por isso, o futuro da construção civil passa necessariamente pelas questões ambientais.

O aumento das questões ambientais, sociais e de governança (ESG) em corporações tem-se tornado um fator chave nas decisões de investimento. A uma tendência de crescimento na integração ESG entre empresas e investidores; que tomam as decisões socialmente responsáveis ou moralmente corretas; tornando a necessidade de abordar questões de sustentabilidade e sociais na construção cada vez mais importante.

 

 

O ESG de forma geral, trás diversos benefícios sob o olhar empresarial, como :

  • Facilidade para atrair investimento
  • Reforça a imagem positiva da marca
  • Redução de custo e aumento da lucratividade
  • Gera benefícios a sociedade e meio ambiente
  • Influencia positivamente a cadeia produtiva

Cada vez mais, a sociedade tem valorizado empresas que seguem boas práticas ambientais e impacto social. Exemplos reais de ESG na construção foram a MRV, em 2020 destinou mais de R$ 5 milhões para o plantio de árvores. O plantio ocorreu com finalidade diversa, desde paisagismo ate recomposição de áreas de preservação ambiental. Já a Trisul, lançou recentemente um programa de economia circular em parceria com a Saint-Gobain, a fim de reduzir o descarte de gesso na construção.

 

4- Construtech / Proptechs

 

Nunca se ouviu falar tanto de Proptech, Construtech e Fintech. Esses termos se referem a onda tecnológica no setor da construção civil. Pode-se dizer que o termo Proptech abrange tudo que está relacionada ao mercado imobiliário, e Construtech poder incluso dentro dele.

As Construtech são startups que oferecem soluções tecnológicas para modernizar o setor, com foco em economia, produtividade e eficiência de recursos. Já a Proptech usa tecnologia avançada como IA, Iot e programas de gestão, para oferecer serviços de venda, compra e gerenciamento de empreendimentos.

Segundo um estudo da Terracota Ventures, nos últimos cinco anos apresentou um crescimento de 235% no número de startups ativas atuando no setor. Em 2021 são 839 startups ativas atuando ao longo de todo ciclo de projetos, construção, aquisição e propriedade em uso.

As proptech e cosntrutech, tem antecipado tendências, como :

  • YUCA: Com um recente aporte de 56 milhões, a Yuca esta no mercado com a proposta de descomplicar o aluguel. A Yuca compra apartamentos em locais estratégicos e os reformam, renovam e mobíliam por completo criando novos espaços para morar. Os pacotes mensais já incluem todas as contas, como condomínio, aluguel, IPTU, água, gás, luz, internet e limpeza semanal.
  • Mora:  A Mora tem como proposta descomplicar a vida das pessoas, facilitando relações e encurtando distâncias. Para tanto, a empresa está apostando no desenvolvimento imobiliário de terrenos localizados em bairros centrais da cidade de São Paulo.  As edificações da Mora são modulares, com apartamentos de cerca de 20 m². As unidades serão alugadas pela Mora totalmente equipadas com mobiliários e eletrônicos. Todo o processo de locação é feito por meio de aplicativo.
  • Triider: Criado no ano de 2016 em Porto Alegre, o Triider é um marketplace de manutenção e pequenas reformas que conecta clientes a profissionais especializados nas áreas de pintura, hidráulica, elétrica, instalação e prestadores de serviço para reparos. Presente em seis capitais brasileiras (Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília), a startup, por meio de sua plataforma, oferece mais de 50 serviços diferentes.
  • FastBuild: Fundada em 2018, a FastBuilt plataforma com foco em agilidade, rapidez, eficiência e transparência para o relacionamento das construtoras e incorporadoras com seus clientes. A solução permite a gestão de manuais dos proprietários, facilitando o acesso do cliente às informações sobre o seu imóvel. Além disso, o consumidor pode acessar fotos, projetos, fornecedores, garantias, e solicitar assistência técnica do seu móvel de qualquer dispositivo móvel, tendo em mãos uma ferramenta única para o atendimento rápido e eficiente.

 

  • ALICE Technologies: Fundada em 2015 com base em pesquisas da Stanford University, ALICE é uma plataforma de simulação e otimização de construção alimentada por IA , ajudando a explorar e atualizar facilmente cronogramas de construção com BIM, que reduzem o risco, enquanto cortam os custos de construção em 11% e o tempo de construção em 17%. A ALICE Technologies trabalha com líderes de construção nos segmentos de infraestrutura, industrial e comercial.
  • Trinov: Com sede na França, a Trinov, plataforma digital que traz eficiência ao gerenciamento de resíduos e recursos de grandes produtores, por meio de uma plataforma SaaS que combina dados, dispositivos IoT, algoritmos e tecnologia blockchain. Trinov melhora a eficiência da gestão de resíduos por meio de dados e algoritmos. As soluções Trinov permitem que os clientes implementem suas estratégias de economia circular de forma simplificada.

 

5- Mudança no perfil consumidor

 

Com a pandemia, ocorreu uma mudança no perfil do consumidor em relação aos imóveis. As novas gerações valorizam menos a casa própria e ocorre a crescente da economia compartilhada na habitação, trazendo diminuição dos custos, sustentabilidade e além de boas experiencias com a proposta de co-living, co-working e co-learning.  Há tmabém uma mudança no perfil familiar, famílias menores e com faixa etária mais elevada, segundo uma projeção da Delloite.

Este panorama demográfico e comportamental tem forte impacto na concepção das famílias brasileiras sobre a sua residência. O número de moradores por imóvel vem caindo desde 2001, dessa maneira, é possível concluir que a transformação do perfil demográfico do brasileiro levará a residências de formatos mais compactos.

De acordo com o estudo da Deloitte e da Abrainc, o crescimento imboliário no Brasil se estrutura de acordo com algumas questões-chave:

  • Segurança
  • Privacidade
  • Espaço
  • Conveniência

Tais fatores já são prioridade ao escolher uma propriedade e os mesmos susceptivelmente permanecerão relevantes até 2040, mesmo quando eles se adaptarem a restrições jurídicas e comportamentos e características das novas gerações.

O que será o mais desafiador em termos de imóveis nos próximos anos é a disponibilidade de espaço em grandes centros urbanos, que serão cada vez mais escassos até 2040. Dada a expansão contínua dos centros urbanos, parece que a localização tende a se tornar uma prioridade, pois impacta a qualidade da vida e da praticidade da vida cotidiana.

Assim, se tornará mais comum tendências como:

  • Compartilhamento
  • Locação
  • Formato da propriedade
  • Tecnologia e conectividade
  • Serviços e infraestrutura
  • Processo de compra

De encontro com isso, diversos estudos apontam que haverá uma tendência por cidades policêntricas.

 

6 – Jornada digital do cliente

 

Há alguns anos era muito mais fácil agradar o consumidor. Havia menos opções para tudo. Hoje, o cliente não só tem um leque maior de escolhas como é também mais bem informado: pesquisa antes de tomar decisões e está sempre conectado no digital. É esse cenário que motiva construtoras a desenvolverem a Customer Experience.

A empresa construtora que desenvolve a Customer Experience está, com certeza, marcada pela inovação em seus processos. E esse é um valor que agrega à imagem do seu negócio e ao produto final. A ideia aqui é não vender apenas edificações, mas boas experiências.

Uma boa estratégia de marketing na construção deve ter:

  • Planejamento

O planejamento é a estrutura central de uma estratégia de marketing. Com isso, você diminui sobremaneira a possibilidade de erros, atrasos de entrega e equívocos no cumprimento de tarefas.

  • Orçamento

Assim como o planejamento, outra parte importantíssima do marketing digital na construção é a definição de orçamento. Através dele, será possível entender o que se pode ou não fazer em termos de marketing.

  • Ação

As ações são as tarefas que serão executadas durante a estratégia. Até mesmo a contratação de um time de marketing deve constar no seu plano. Sendo assim, será necessário dar o máximo de informações possíveis sobre cada atividade.

  • Revisão

Embora pareça burocrático, a revisão é indispensável. É através dela que sua empresa descobrirá quais estratégias funcionaram, quais não foram tão assertivas e quais as oportunidades para as estratégias seguintes.

 

Dessa forma, percebemos que o mercado está cada vez mais dinâmico e é importante que as empresas acompanhem essas tendências de futuro da construção civil para não ficarem para trás em termos de inovação e disrupção. De acordo com esse cenário, urge a necessidade de melhorias internas e implementação de novas estratégias e tecnologias. Se sua empresa é do setor, como ela está se preparando para o futuro da construção civil? Quais são as oportunidades e desafios que o seu negócio já identificou e está trabalhando para manter a relevância no futuro? Conte para nós a sua experiência nos comentários.

 


 

Fontes:

• Artigo “Where and how will we live in 2040?”. Deloitte.

Novas formas de morar Startups Construtechs e Proptechs. ACE Startups.

 

 

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