Talvez o termo Design Thinking no Brasil tenha sido um dos mais falados e procurados na década passada no mundo do desenvolvimento de novos produtos, serviços e negócios. Foi uma enxurrada de novos profissionais “design thinkers” no mercado de trabalho, cursos brotaram como grama no verão, dezenas de livros sobre a metodologia invadiram as prateleiras físicas e digitais, novas consultorias especializadas apareceram, outras incorporaram às suas ofertas e as empresas ávidas por novidade investiram muito, tanto em capacitação e recrutamento de pessoas, quanto em contratação de projetos.
Mas o Design Thinking não é “novo”
A concepção do Design como “forma de pensar” começou a surgir a partir de 1969, com o professor Herbert Simon (pesquisador e economista, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1978 por sua pesquisa precursora no processo de tomada de decisões) lançando o livro “The Sciences of the Artificial” e em seguida Robert McKim, professor de engenharia de Stanford lançando “Experiences in Visual Thinking” em 1973. Rolf Faste, professor da Escola de Design de Stanford e altamente influenciado por esses livros, foi o primeiro a usar o termo Design Thinking como uma metodologia de processo criativo.
Na sequência David Kelley, seu colega de Stanford, adaptou a metodologia para o mundo dos negócios e fundou a IDEO, famosa empresa de consultoria de design de produtos que popularizou a expressão.
Isso tudo serve para mostrar como demoramos a descobrir o Design Thinking. E, como tudo que é novo, passamos a usar como “última moda”, muitas vezes sem a devida preparação ou consciência para utilizá-lo da forma mais poderosa que ele pode assumir para um negócio, que é capturar novo valor.
Nessa última década realizamos dezenas de grandes projetos utilizando o Design Thinking para os mais diferentes segmentos industriais, de siderurgia a bens de consumo. As empresas tinham anseio por inovação, queriam crescer em seus mercados ou em novos, surpreender seus clientes e consumidores, mas muitas vezes chegamos ao final do projeto com algo realmente novo e viável e vimos um fator vir à tona que simplesmente jogava fora todo um investimento feito: a inércia.
Um dos motivos mais usuais pelo que fomos procurados para esses projetos foi o de “conhecer profundamente os clientes e consumidores”. Isso não basta. Apesar de ser fundamental em qualquer negócio que queira sobreviver ou se reinventar em um mundo de transformações tão rápidas e profundas, não basta. É preciso criar o novo.
OK! Vamos às sessões de ideação, pessoas interagindo, times multifuncionais trabalhando para criar as novas ofertas com base nos desejos dos clientes e consumidores. Tudo muito lúdico, diferente de tudo que já tinham experimentado até então, time motivado e feliz por ter desenhado algo inovador e viável! Mas isso também não basta. É fundamental transformar os inputs de clientes em um desenho de oferta, mas não basta. É preciso FAZER o que foi criado, trazer para o mundo real, capturar o valor.
Me lembro de vários projetos para multinacionais em que os resultados finais nos slides do Powerpoint foram celebrados pelos CEO’s, apresentados aos presidentes LatAm, levados por eles às sedes mundiais como “exemplo” de grande feito, disseminados para as outras unidades do globo como benchmark, e que não tiveram 1 dólar de retorno.
Por quê? Porque não executaram o que estava lá. OK, “papel aceita tudo”, “não estamos preparados pra fazer isso”, “meu time não tem competência nesse novo mercado” – nesse momento as desculpas ressoam mais alto que a vontade de mudar.
Mas não é sempre assim. Existem empresas que entendem o novo como a necessidade de criar competências e se fortalecer para executar o que foi desenhado.
Um exemplo vivo e pulsante é o caso da Mineração Jundu, joint venture do Grupo Saint-Gobain e SCR-SIBELCO. De uma forma mais resumida, a Jundu atua na mineração de areias especiais e minerais para o mercado de vidros, siderurgia, construção civil, perfuração de poços de óleo e gás etc. Sabe quanto custa uma tonelada de uma areia especial para vidros? Cerca de cinquenta reais.
Então você se pergunta: o que uma empresa como essa foi fazer com Design Thinking? Não foi o Design Thinking. Foi a visão de buscar Novos Horizontes (que até virou nome do programa interno), mercados adjacentes, fora do core business e que trouxessem mais valor agregado.
Alexandre Brito, Diretor Geral da Jundu, já tinha trabalhado conosco enquanto diretor de uma outra empresa e nos convidou para ajudá-los nesse desafio. O primeiro movimento foi entender quais projetos já existiam internamente, criar um processo para enriquecê-los e, assim, decidir em quais teriam investimento e aprofundamento.
Um deles apareceu meio “tímido”: entrar no mercado de areias esportivas. Esse era um projeto em que o Design Thinking caía como uma luva como metodologia. A equipe mergulhou fundo em entender os atletas de esportes como beach tennis, futebol de areia e vôlei de praia. Suas necessidades, os tipos (profissionais e amadores), onde jogam, os clubes, condomínios, federações etc. Trouxeram fisioterapeutas para analisar os movimentos dos atletas na areia e desenvolver tipos específicos de areia para cada público, desenharam o modelo de negócio, modelaram a necessidade inicial de investimento para execução da primeira fase e, finalmente, apresentaram para a Diretoria.
Aprovado. Agora era momento de somar o fazer ao pensar. Executar.
Com um time extremamente dedicado e ansioso por resultados, em 6 meses o que estava no papel já era realidade: a Jundu tinha criado um novo negócio em que não vendia areia, mas sim desejo – a Super Quadra Jundu. Pedidos chegam a cada dia, desde clubes e federações a condomínios e clientes particulares. A relevância no cenário esportivo rompeu as barreiras, hoje já é uma MARCA, e a cada dia atrai parceiros com produtos relevantes para co-branding, como roupas, chinelos e acessórios que nunca a Jundu poderia imaginar estar associada.
O que aconteceu? Como isso deu certo?
Convido vocês a conhecer a Super Quadra Jundu pelo site, Instagram ou Facebook, da melhor maneira: ao vivo em um dos clubes em São Paulo, Vinhedo, Campinas, Jaú e São Carlos. Se estiver longe, espere que em pouco tempo terá uma, no máximo, a 30 minutos de onde está.
Design Thinking é fantástico. Design Thinking AND DOING é imbatível!
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