Algumas lições sobre o estudo de cenários futuros

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Em diversos projetos realizados pela Inventta somos desafiados a entender como será o futuro de um determinado setor ou mercado. Para entender esse horizonte, utilizamos os Cenários Futuros para nos guiar e dar mais clareza dos anos que estão por vir.

Entendendo cenários futuros

O processo começa, inicialmente, com uma vasta e profunda pesquisa sobre tendências tecnológicas, comportamentais, regulatórias, governamentais e corporativas. Ele também inclui sinais de outros atores do setor escolhido, que nos ajudam a estruturar e entender os cenários de futuro para esse mercado.

Se quiser entender mais sobre esses estudos, leia esse artigo do Juliano Cortez em nosso site, em especial a questão sobre Visão de Futuro.

Em um workshop com um cliente do setor de logística, o Fundador da Inventta, Bruno Moreira conseguiu exemplificar precisamente do que se tratam esses cenários:

“Cada cenário funciona como um modelo em um desfile de moda. Ninguém utilizará aquele look no cotidiano daqui alguns anos, mas a composição nos permite entender melhor quais são as tendências e forças que movimentarão a moda. Os cenários funcionam da mesma forma, em cada setor em que forem ideados”.

Como nasceu essa metodologia?

Afinal, como essa metodologia, de estressar tendências e sinais a ponto de formarem uma narrativa de como será o futuro, foi criada?

Quais as descobertas das primeiras corporações que se aventuraram na arte de projetar o futuro, a fim de antever movimentos e manter o protagonismo em qualquer cenário que se realizasse?

A ideia de criar cenários para o futuro sempre esteve presente em conflitos bélicos, onde a estratégia de prever movimentos adversários era vital para o sucesso das campanhas. Nas décadas de 1940, precisamente, essa metodologia começou a ganhar terreno também no ambiente corporativo.

A RAND Corporations (Research ANd Development), um “think tank” americano que apoiava o governo e os militares após a Segunda Guerra Mundial, foi criada em 1945 com o intuito de estudar tendências e sinais de futuro para gerar estudos de cenários, que auxiliariam tanto governo quanto empresas a se manter sempre um passo à frente em decisões estratégicas.

O papel de Herman Kahn

A grande mente criativa por trás desses estudos era Herman Kahn, um estrategista militar e teórico da RAND que ficou conhecido por suas análises sobre as prováveis consequências de uma guerra nuclear. Kanh define, em uma de suas mais importantes obras “O ano 2.000”, escrito em 1967, os cenários futuros como “sequências hipotéticas de eventos construídos com o propósito de focar a atenção em processos causais e pontos de decisão.”

Alguns anos depois, a Shell deu início ao seu próprio estudo de cenários, podendo se colocar como uma das pioneiras de análises de cenário com foco empresarial. O responsável pela área na época, Pierre Wack, estudou os trabalhos de Kahn e desenvolveu o uso dessa metodologia na empresa, inicialmente para prever fatores que poderiam impactar no preço do barril de petróleo.

A Shell até hoje atua consistentemente na ideação de cenários para o futuro e é referência nessa área. Se quiser conferir os cenários que a empresa projeta para as próximas décadas, clique aqui.

5 descobertas da Shell ao longo do entendimento sobre o uso de Cenários Futuros

 

Cenários permitem tomadas de decisão mais robustas 

Conhecer as diversas formas como o futuro pode se concretizar permite às empresas uma tomada de decisão mais robusta e embasada. Um estudo de cenários permite avaliar projetos e investimentos da empresa de forma que estes sejam eficientes em mais de um cenário de futuro, reduzindo os riscos da companhia;

Estressar modelos leva a descobertas

No primeiro projeto de cenários da empresa, Wack incentivou sua equipe a não olhar apenas para questões técnicas e macro que impactavam o preço do barril, mas estressar o “e se?”.

Sua equipe então desenvolveu um cenário de conflitos entre os países produtores, conhecido como “Cenário de crise”. Este permitiu à empresa atuar bem na crise do petróleo na década de 70, melhor que seus pares ao longo do globo;

Cenários aguçam a percepção dos colaboradores

Desenvolver os cenários como parte do planejamento da empresa permite aos envolvidos ter um senso mais aguçado do ambiente ao redor. Os colaboradores envolvidos passam a lidar com as informações que recebem no cotidiano como peças de um grande quebra cabeça, ajudando na composição dos estudos de futuro para sua empresa, sempre com a questão “como isso poderia impactar meu setor?” em mente;

Poupar esforços internos.

A introdução dos cenários futuros fez da Shell uma empresa que adota essa etapa como crucial na aprovação de projetos. Em outras palavras, os projetos de grande investimento da empresa devem ser avaliados também pelos cenários futuros estudados.

Isso fez, acima de tudo, com que os funcionários da Shell envolvidos com a ideação e submissão de projetos enviassem menos ideias. No entanto, elas eram mais assertivas, uma vez que deveriam passar por mais uma prova dentre o processo de seleção. O resultado foi uma redução de avaliações nas propostas de investimento da empresa. Mas, houve um maior índice de aprovação, obtendo projetos de maior qualidade e que abrangessem mais cenários possíveis para o futuro do setor de óleo e gás;

Cenários como uma ferramenta da liderança

Conheça agora qual foi a última descoberta da Shell, ao implementar o estudo de cenários futuros. Ela identificou que esse movimento permitiu à empresa lidar de maneira mais natural com algumas questões importantes. Por exemplo, no final da década de 90 a empresa precisava lidar de maneira mais ágil e orgânica com as questões envolvendo sustentabilidade. A partir de um cenário de futuro em que apenas empresas sustentáveis eram relevantes, o tema se manteve em toda e qualquer discussão de projetos na empresa. Esse foi o tema, inclusive, de um estudo de cenários muito eficiente para difundir a sustentabilidade na empresa.

Como o seu negócio lida com os cenários futuros?

Compartilhe sua experiência conosco nos comentários. Até breve!


[avatar user=”joao wood” size=”thumbnail” link=”file”]João Wood é consultor de inovação na Inventta.[/avatar]

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