Quando se trata de gerenciar um projeto, um dos grandes desafios é garantir que a entrega de valor esteja de acordo com as expectativas da empresa ou do cliente. Para isso, é importante que a sua execução seja bem conduzida, tendo o alinhamento de todos os envolvidos. Pense em situações anteriores que você já vivenciou ao executar um projeto: você sabia por onde começar ou o que deveria priorizar? Chegou a se perder no meio do processo, pois as demandas foram se alterando? Existiu uma boa interação entre as pessoas envolvidas? As metodologias ágeis surgiram para facilitar todo este processo. Elas visam estruturar as etapas de um projeto de forma dinâmica e eficiente, contribuindo para melhores resultados e aumento na produtividade.  

Atualmente, existem várias ferramentas e formas de aplicá-las e, embora tenham surgido em contextos de projetos de software, hoje têm sido cada vez mais utilizadas por empresas de diferentes portes e segmentos do mundo todo.  

Para começar, o que são metodologias ágeis?  

As metodologias ágeis ou Agile são um conjunto de técnicas e práticas para gestão de projetos que oferece mais flexibilidade para garantir a antecipação da entrega de valor ao cliente. 

Vale lembrar que o termo ágil está mais associado à adaptabilidade durante os processos e antecipação de valor real ao negócio do que à velocidade em si. O método ágil possibilita a reorganização da estrutura do projeto sempre que necessário. Organizada em ciclos curtos, a cada etapa é entregue um conjunto de valores pré-determinado. Assim, é possível validar se estamos na direção certa e sermos mais assertivos. 

Metodologias ágeis: quando aplicar?   

Aqui na Inventta, acreditamos que há dois grandes desafios na condução de projetos que os métodos ágeis podem ajudar: 

• Alto nível de incerteza em relação à entrega de valor: quando a percepção de valor em relação a pontos importantes do projeto muda ao longo do tempo. Ao utilizar metodologias ágeis, evita-se que se gaste muito esforço em uma funcionalidade que deixou de ser prioridade, por exemplo. O cliente vai aprendendo com o projeto e mudando sua percepção de valor. 
• Múltiplos stakeholders: quando há o envolvimento de times com múltiplas competências. Equipes muito grandes e complexas, muitas vezes apresentam percepções de valor distintas. Ter um alinhamento em relação às entregas e expectativas torna-se essencial. 

 Benefícios ao utilizar as Metodologias Ágeis 

Em contextos como os descritos acima, a metodologia ágil pode trazer muitos benefícios aos projetos, aumentando o potencial de redução de recursos. Nesse sentido, destacamos os três que consideramos serem os principais: 

• Economia de tempo 
• Custo de oportunidade/ redução de esforço 
• Redução de investimento financeiro 

Projeto Cascata x Projeto Ágil  

Até meados da década de 1990, era comum o desenvolvimento de softwares ser baseado no modelo cascata, ou seja, linear, com a solução finalizada apenas após várias fases, do requerimento ao teste final junto ao cliente. Geralmente, não havia muito espaço para alterar os requisitos uma vez iniciado o desenvolvimento do projeto.  

 A principal característica do método cascata é que ele exige um bom plano e se aplica em um universo de previsibilidade. Há a interdependência entre as etapas e, ao seguir o plano, como definido no início do projeto junto ao cliente, sua execução pode ser otimizada.

No entanto, quando há muitas incertezas e complexidade envolvidas, pode ocasionar lentidão e retrabalhos ao longo de sua execução. Ademais, a entrega do resultado ocorre apenas na sua conclusão. 

Essa estrutura dificultava adaptações necessárias e muito comuns em alguns projetos de softwares. Porém, esse cenário mudou em meados dos anos 2000, pois desenvolvedores começaram a discutir possibilidades de se ter um planejamento mais adaptativo, com times auto-organizados e multidisciplinares, voltado à melhoria contínua e ao desenvolvimento progressivo. 

 Deste modo, tornou-se possível estabelecer ciclos de entregas da solução fracionadas, tornando muito mais fácil as adaptações, o aumento da produtividade e a entrega do resultado.  

No método ágil, o direcionamento da execução do projeto é baseado no que é percebido como valor, que pode alterar ao longo do tempo. Assim, é possível realizar ajustes a partir dos ciclos iterativos e ter vários pontos de contato com o cliente, permitindo, portanto, maior flexibilidade e entrega de resultados durante o processo. 

O manifesto ágil  

 Em 2001, no intuito de compartilhar suas experiências, 17 profissionais que já praticavam métodos ágeis se reuniram em Utah, nos EUA, e elaboraram uma declaração de 4 valores e 12 princípios essenciais para o desenvolvimento de software, o “Manifesto para Desenvolvimento Ágil de Software”, também chamado de “Manifesto Ágil“.  

 Os quatro valores são os descritos abaixo: 

• Comunicação: indivíduos e suas interações acima de procedimentos e ferramentas;
• Praticidade: funcionamento do software acima de documentação abrangente;
• Alinhamento de expectativas e colaborações: colaboração com cliente acima de negociação e contrato;
• Adaptabilidade e flexibilidade: capacidade de respostas a mudança acima de plano pré-estabelecido.

A partir de então, este manifesto se tornou um norteador para o desenvolvimento de projetos. 

Conheça 3 técnicas relacionadas à metodologia ágil 

 Até aqui eu abordei alguns pontos mais conceituais sobre a metodologia, para entendermos a sua essência. Em relação à sua aplicação, vale lembrar que existem diferentes técnicas que podem ser aplicadas.  A seguir, apresentarei brevemente três entre as mais utilizadas voltadas à Gestão de Projetos. 

Scrum 

 O Scrum é um dos métodos ágeis mais conhecidos. Para colocá-lo em prática, existem alguns papéis e ritos necessários. A partir do início do projeto e definição do chamado Backlog, são realizadas reuniões bem rápidas e frequentes de alinhamento de tarefas, podendo ser diárias, que permitem que a comunicação entre todos os envolvidos seja mais fluída.  

 As tarefas são divididas em ciclos curtos chamados de sprints e são priorizadas as tarefas mais essenciais para cada ciclo. A cada entrega há revisões e retrospectivas que garantem aprimoramento contínuo, seguindo necessidades de mercado e as exigências do cliente.  

Deixo aqui também uma dica de livro sobre o assunto: Scrum: a arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo. 

Kanban 

O Kanban é uma ferramenta visual que possibilita a divisão de tarefas em colunas conforme o status de cada etapa, ou seja, de acordo com a fase de execução das atividades da equipe. Uma forma comum de fazer essa divisão é organizar as colunas em “a fazer, “fazendo” e “feito”. Assim, é possível ir deslocando a tarefa conforme seu avanço e permitindo que todos visualizem o status do projeto e saiba suas responsabilidades.  

O Kanban é inspirado nos métodos japoneses para organizar o fluxo de trabalho em fábricas. O quadro pode ser feito manualmente, em uma lousa ou com cartolina e flipchart e post-its para que você possa mover os cartões, por exemplo, ou utilizando recursos digitais. 

Dica: Uma ferramenta que utilizo no dia a dia e que possibilita aplicar o Kanban é o Trello. Ele possibilita organizar e personalizar quadros, listas e cartões de acordo com a demanda de seu projeto. 

Lean 

Lean significa “enxuto” e está baseado em princípios da Manufatura Enxuta, do Sistema Toyota de Produção, muito estudado no campo da Administração e que surgiu em meados da segunda metade do século XIX. Essa filosofia de gestão ganhou escala para diferentes empresas ao redor do mundo, se adaptando de acordo com a necessidade e objetivos do negócio, mas sempre com a visão de reduzir o desperdício (de recurso, tempo, entre outros), garantir a eficiência operacional e proporcionar valor ao cliente.

Além do Lean Manufacturing, hoje existe o que chamamos de Startup Enxuta (Lean Startup), conceito criado por Eric Ries que é a aplicação do pensamento enxuto ao processo de inovação. Ele é constituído por um ciclo de feedback composto por 3 passos: Construir, Medir e Aprender. Essas três etapas são realizadas continuamente: você constrói seu produto, por exemplo, ao mesmo tempo em que o testa e o valida com o público-alvo, aprendendo com ele e realizando os ajustes necessários.

Aqui vai uma dica de livro: Startup Enxuta, de Eric Ries.  

Agora que você já sabe o que são metodologias ágeis, que tal aplicá-las em seus projetos? Se quiser saber mais sobre o assunto, em nosso canal no Youtube, há um vídeo explicando o conceito. E conte com a Inventta nesse processo.  Acesse o vídeo clicando aqui.

[avatar user=”Daniele Bueno” size=”thumbnail” align=”left” link=”file”]Daniele Bueno é consultora de Inovação da Inventta[/avatar]