Atualmente, mais de 800 milhões de pessoas são afetadas pela fome ou pela subnutrição no mundo. A deficiência em micronutrientes afeta mais de 2 bilhões de pessoas, e um em cada dez habitantes do planeta consome comida insalubre.
Num recorte da realidade brasileira, mais de 30% da população passou por situações de fome entre o fim de 2021 e início de 2022. Quase 60% por algum tipo de insegurança alimentar (quando há falta ou expectativa de falta de comida). Quadro que vem se agravando desde então: a pandemia agravou ainda mais a fome no Brasil. Atualmente, 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer. São 14 milhões de brasileiros a mais em insegurança alimentar grave em 2022, na comparação com 2020. As regiões Norte e Nordeste foram as mais impactadas.
Por outro lado, um artigo do Journal of Sustainable Agriculture, diz que a produção global aumentou e produz alimentos suficientes para alimentar 10 bilhões de pessoas. Contudo, um terço desses alimentos são desperdiçados, essencialmente em seus estágios iniciais de produção.
Além disso, o relatório do World Government Summit “Agriculture 4.0 – The Future Of Farming Technology” afirma que a demanda por alimentos está crescendo continuamente e, até 2050, aumentará a produção em 70%. Segundo a FAO, o mundo terá mais de 9 bilhões de habitantes. Para atender à demanda dessa população por alimentos, será necessário produzir até 70% a mais de grãos, frutas, verduras e cereais.
Os sistemas alimentares atuais não estão cumprindo com o objetivo de alimentar a população mundial, e ainda contribuem para as mudanças climáticas. São responsáveis por até um terço dos gases de efeito estufa globais, contribuem para 80% do desmatamento tropical e são grandes responsáveis pela degradação e desertificação do solo, escassez de água e declínio da biodiversidade. Demonstrando uma situação insustentável e desequilibrada.
Mas como a inovação pode contribuir com esse cenário que afeta toda a população mundial?
Em setembro de 2001, na Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU, a inovação foi reconhecida como uma das principais maneiras de transformar os sistemas alimentares. Chamando a atenção para a importância dessa mudança, o Fórum Econômico Mundial e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação publicaram um RoadMap para ajudar os países a acelerar a inovação de sistemas alimentares inclusivos. A seguir, listamos as 4 principais áreas de inovação em Sistemas Alimentares citadas por eles. A agenda envolve governos locais e nacionais, o setor privado, a sociedade civil e outros atores.
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Promover ecossistemas de inovação nacionais e regionais:
Isso inclui desenvolver estratégias para incentivar a colaboração entre departamentos governamentais, revisar a regulamentação que impede a expansão da inovação agrícola. E criar Centros de Inovação Alimentar multissetoriais para conectar universidades, ONGs, governos (locais), start-ups, empresas de médio e grande porte e capital de risco.
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Incentivar Inovações Sociais e Institucionais
Com ênfase na promoção da colaboração e inclusão. Isso inclui o desenvolvimento de políticas alimentares comuns e acordadas que protejam os direitos de todas as partes interessadas. Desde pequenos produtores e organizações comunitárias até mulheres e povos indígenas.
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Empregar e apoiar o conhecimento e as tecnologias novas e existentes, principalmente no campo
Os objetivos aqui são muitos, mas um dos principais é aumentar a produção e o lucro das lavouras. E, ao mesmo tempo, garantir uma maior sustentabilidade ambiental além de um alimento mais seguro e de qualidade à população. Uma pesquisa do International Food Policy Research Institute afirma que a utilização de novas tecnologias no agronegócio, podem aumentar os rendimentos das safras em até 67% e reduzir preços pela metade até 2050. No Brasil, um exemplo de apoio à essas novas tecnologias foi a criação da Câmara do Agro 4.0 (Decreto 9.854/2019) pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que tem como objetivo promover ações para expansão da internet no campo, aumentar de produtividade, fomentar a tecnologias e serviços inovadores e apoiar o posicionamento do Brasil como exportador de soluções de Internet das Coisas (IoT) para a agricultura.
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Melhorar e integrar dados e sistemas digitais
Isso inclui inovar e investir em serviços digitais acessíveis para a transformação de sistemas alimentares mais inclusivos e inteligentes, garantindo que os dados e os sistemas digitais estejam alinhados, ágeis e interoperáveis.
Portanto, aqui a inovação tem o papel de tornar a cadeia de alimentos cada vez mais consciente. Desde a produção, distribuição e disponibilização do produto ao consumidor final. Além disso, é importante que ela aconteça em diversos setores, públicos ou privados, atingindo principalmente o agronegócio com a criação de novas políticas regulamentares e de incentivo e o desenvolvimento de novas tecnologias no campo.
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