Problem Framing – A importância de entender bem os problemas

Neste artigo vamos esclarecer a importância de focar no problema, aprofundar e expandir o seu entendimento sobre as causas raízes de um problema antes de solucionar ele.
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Quando nossos clientes entram em contato com as metodologias aplicadas em nosso Programa de Inovação, há uma dificuldade generalizada na primeira etapa do processo de inovação, que consiste em focar no problema, aprofundar e expandir o entendimento sobre suas causas raízes para depois focarmos em possíveis soluções.

Neste artigo, vamos esclarecer a importância de entender bem os problemas, nesta etapa, para todos os processos de desenho de novos produtos e serviços.

Pular este mergulho inicial no problema pode resultar em soluções superficiais, incapazes de resolver dores reais dos clientes ou usuários, sendo portanto, uma solução sem valor e sem aderência ao mercado. 

 

A Importância Crucial de Compreender Profundamente os Problemas Antes de Propor Soluções Inovadoras

 

Recentemente, uma startup alemã composta por dois homens, Eugen Raimkulow e Andre Ritterswürden, ganharam o Die Höhle der Löwen, versão alemã do Shark Tank, apresentando uma solução para mulheres: uma luva rosa descartável para descarte discreto de absorventes.

Após o programa, muitas críticas foram feitas a este produto, sobretudo em 3 frentes: period shaming¹, não ser ecologicamente correto e ter uma abordagem sexista. Independente do tipo de crítica, este caso teve repercussão mundial e trouxe à tona muitos debates nos círculos femininos sobre o retrocesso que isso significa.

O que será que faltou? Voltamos à importância de entender bem os problemas.

 

Entendendo a Proposta de Valor

 

Do lado do design de produtos e inovação, fica evidente uma grande falha no processo de elaboração da solução: a proposta de valor do produto não estava alinhada às necessidades do seu público, e, neste caso, eram até contrárias ao que muitas mulheres vêm lutando ao longo de anos e até décadas.

Além disso, por um olhar mais amplo, esta “solução” está desalinhada com grupos de não usuários, mas que se preocupam com produção de lixo e conservação do meio ambiente. Temos, então, uma solução que causa mais desconforto e irritação em seu público alvo e em públicos adjacentes.

Convenhamos: este é o pior dos cenários quando pensamos em design de produtos e inovação, causado pelo não entendimento de seu público, suas dores e necessidades. 

Quando olhamos para a teoria de design de propostas de valor², temos um processo que analisa 3 tipos de encaixe, e no qual um tipo de encaixe depende do correto desenho da etapa anterior.

 

 

1. Encaixe da Solução no Problema.

 

 Aqui é o momento de entender os clientes e a importância de entender bem seus problemas: identificar dores, necessidades e oportunidades que façam a diferença para eles. Não basta apenas identificar um problema; o problema precisa ser relevante para o cliente. Para tanto, precisamos mergulhar no problema, entender nosso cliente a fundo por meio de entrevistas e pesquisas. A partir dessas informações, poderemos criar propostas de valor aderentes, que serão validadas na próxima etapa.

 

 

2. Encaixe do Produto no Mercado:

 

É a etapa de teste das premissas de sua proposta de valor. Os testes geralmente são feitos utilizando protótipos, e é comum e esperado que as propostas de valor sejam invalidadas. Ao contrário do que muitos pensam, invalidar uma proposta não é um ponto ruim, e sim um aprendizado que nos aproxima da real proposta de valor que terá o melhor encaixe com o que nosso usuário deseja. Esta etapa é cíclica, até que tenhamos o maior número de validações de propostas possível. 

 

 

3. Encaixe do Modelo de Negócios:

 

após achar a proposta de valor, precisamos garantir que nosso modelo de negócios seja escalável e lucrativo; afinal, propostas de valor incríveis precisam de modelos de negócios capazes de gerar sustentação financeira e que criem valor para a organização. 

Pular este processo e partir para a solução é como tratar dores de cabeça recorrentes com simples analgésicos: estamos agindo sobre o sintoma, e não sobre a doença em si, que no caso da dor de cabeça, pode ser stress, problemas de fígado, desidratação, sinusite, enxaqueca, e uma lista infinita de possibilidades.

O ponto central é: a dor de cabeça só será resolvida quando eu entender sua origem e fizer o tratamento correto. O mesmo acontece quando pensamos no desenvolvimento de novos produtos. 

É por isso que, em nosso processo do Programa de Inovação, as primeiras ferramentas e metodologias abordadas são focadas na exploração dos desafios. Independente do tema do desafio ou natureza do problema, se dedicar a entendê-lo profundamente é o alicerce fundamental na futura construção de boas soluções e viés inovador.

 


 

¹ Period Shaming são comportamentos verbais e não verbais que incitam vergonha, estigma e desinformação acerca do período menstrual e suas fases. Este evento é visto em todo o mundo, de diferentes formas, e pode ser algo mais brando, que faz com que as mulheres que menstruam sintam vergonha de seu ciclo e de seu corpo, até eventos mais severos que envolvem mutilações genitais e cerimônias religiosas e sociais.

² Livro ”Value Proposition Design – como construir propostas de valor inovadoras”, de Alex Osterwalder, Greg Bernarda e Yves Pigneur 

 

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