Hoje em dia, vemos inúmeros exemplos de inovações nas mais diversas áreas e com os mais diversos fins. Tudo isso num loop que parece não ter um final. Com o processo de globalização acelerado,  é difícil imaginar  inovações e tecnologias que cheguem e permaneçam imutáveis por longos períodos. Até mesmo em setores que, a algumas décadas atrás, se viam poucas oportunidades para inovações radicais, hoje se mostram ambientes férteis para novas disrupções e a prática da inovação aberta, como é o caso do setor agrícola.  

Na  Inventta, já realizamos diversos projetos para esse setor, ajudando a identificar mudanças e tendências tanto de curto, quanto de médio e longo prazo. A partir desse conhecimento e de nossas experiencias, podemos dizer que: as inovações estão surgindo em todas (e até nas menores) etapas da cadeia de valor, e isso, sem dúvidas, é uma tendência para outros setores além do agro. Tudo vai depender do quão aberto a mudanças é o espaço que você está inserido. 

Empresas de variados setores passaram a adotar e aplicar tecnologias digitais e analíticas em seus modelos de negócio e na oferta de produtos e serviços. Esse talvez seja o principal pilar que sustenta a transformação que o setor agrícola passa atualmente: Um campo inteligente, conectado e viabilizador de parcerias!  

Trazendo isso para nossa realidade, é provável que você já tenha lido em alguma notícia ou visto na televisão, reportagens a respeito do uso de drones no campo. Esse é um exemplo clássico, assim como maquinários inteligentes que são operados via satélites. Ambos são inovações consideravelmente novas e que mudam a forma como o agricultor passa a gerir seu campo, muitas vezes, alterando a relação dos processos da cadeia produtiva e, consequentemente, permitindo ao gestor ter mais controle e qualidade dos produtos e processos. 

Porém, com o desenvolvimento desse ecossistema que alcançamos até aqui, percebemos que o processo inovador nunca chegou tão longe, alcançando até mesmo as micro etapas da cadeia produtiva, que antes talvez não recebesse a devida atenção, mas que passam cada vez mais a ser o foco de grandes empresas.  

Deixar de vender um produto, vender uma experiência.  

Um exemplo prático do que estou falando pode ser visto na Nescafé, que passou a utilizar a tecnologia Blockchain para promover o detalhamento da cadeia produtiva e fornecer ao cliente diversas informações e dados técnicos do produto que vai consumir, desde o plantio até o consumo, e tudo por um QRcode.

Mudanças como essa permitem não só a empresa ter a rastreabilidade de todos os processos, mas também ao cliente saber de onde seu alimento veio, por quais processos passou e que é seguro consumi-lo. A principal mudança que permitiu essa inovação partiu da alteração nos hábitos de consumo da sociedade, onde muitos passaram a buscar uma vida mais saudável e sustentável, algo não tão comum a tempos atrás.  

Outra área que está em constante desenvolvimento diz respeito a genética e biotecnologia. Com diversos players no mercado, a busca agora é desenvolver produtos que façam a produtividade aumentar, e um exemplo são sementes geneticamente modificadas que, a partir de alterações genéticas com o auxílio de IA, passam a ter mais resistência a condições climáticas especificas para cada solo, ou resistência a pragas e doenças comuns no campo. 

De fato, mudanças e inovações já tomaram conta do setor agrícola, mas será que o Brasil é tão aderente a essas novas mudanças quanto ao resto do mundo? 

Setor tradicionalista e familiar  

Apesar da agricultura familiar representar 77% dos estabelecimentos agrícolas no Brasil (IBGE), nós da Inventta, ao longo de vários projetos e diagnósticos realizados, notamos características que, independentemente do tamanho da empresa ou propriedade, seguem como uma “cultura herdada” e ainda praticada por boa parte do setor.

Muitos atores apresentam resistência a mudanças, por aspectos culturais e geracionais, tanto em questões produtivas (ao adicionar uma nova tecnologia em determinado processo na cadeia), quanto em questões estruturais e de governança (processos engessados, falta de integração entre sistemas e áreas, falta de esforços para inovação…). Sem dúvidas, a falta da inovação como aliada da estratégia, da liderança e da cultura pode resultar em diversas barreiras internas e externas. Por isso, a questão geracional, aqui, tem forte impacto, afinal: se sempre fizemos de forma X ou Y e deu certo, por que mudar ou se adaptar?  

Eis então o problema: diferentes gerações buscando resolver o mesmo problema, mas de diferentes maneiras! 

A resposta pode não ter parecido tão otimista, porém, apesar do mercado ainda ter características tradicionalistas, quando olhamos numa visão macro, sem dúvidas já alcançamos várias etapas fundamentais para um pleno desenvolvimento. Uma prova disso são os novos ecossistemas de inovação e a prática da inovação aberta cada vez mais comuns nesse meio, ou seja, desenvolver sua empresa ou negócio a partir também de conhecimentos externos. 

Ecossistemas fomentador de parcerias e inovações  

Muitas empresas passaram a buscar uma estratégia de parcerias junto ao apoio de instituições de pesquisas, universidades, startups e até mesmo do governo, visando estabelecer relações que promovam e potencializem as inovações e atividades de P&D.  

No Brasil já vemos o surgimento de Hubs de inovação específicos de cada setor, como o AgTech Garage, um dos principais hubs de inovação voltados ao agronegócio a nível mundial. Ambientes como esse, fomentadores de inovações e P&D, são de extrema importância para o surgimento de produtos e serviços disruptivos, como os citados acima, que promovem grandes mudanças no setor. 

Com a criação desse ecossistema, o resultado observado é um setor que, apesar de ainda ser resistente a grandes mudanças, não deixa de ser afetado por um mundo em constantes transformações. Com a prática da inovação aberta cada vez mais frequente, caminhamos a passos largos para fazer frente ao que há de novo e inovador no setor agrícola mundial. 

Essas e outras análises podem ser aprofundadas por nosso estudo Futuro do Agro, onde nós, da equipe Inventta, compilamos diversas informações e tendências que guiam o futuro do setor agrícola, trazendo nossa visão de como a inovação afetará o mercado brasileiro e quais tecnologias estão envolvidas. 

[avatar user=”Lucas Barbieri” size=”thumbnail” align=”left” link=”file”]Lucas Barbieri é Estagiário de Projetos na Inventta.[/avatar]