A Inventta esteve presente em Ribeirão Preto para acompanhar a Agrishow 2023 – a Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, considerada a maior da América Latina e uma das maiores do mundo, quando o assunto é tecnologia para o agronegócio.
Com mais de 800 expositores e 190 mil visitantes, além de ser uma feira de negócios que espera superar os R$11,2 bilhões em negociações da edição anterior, a Agrishow é uma vitrine para os produtores rurais sobre as grandes inovações tecnológicas que cada vez mais fazem parte da jornada das fazendas brasileiras. Neste artigo traremos um breve relato desse evento que tem grande relevância para o agronegócio brasileiro e mundial.
A robotização do Agro.
Logo ao entrar na feira, o visitante se depara com o robô “caça pragas”, o Solix Hunter, da Solinftec: uma plataforma de monitoramento que usa inteligência artificial munido de uma armadilha baseada em determinadas frequências de luz para atrair e eliminar pragas de lavouras, antes mesmo que elas se proliferem.
Através de painéis solares, esse robô, que é uma tecnologia brasileira, acumula energia para entrar em ação autonomamente no período noturno, quando algumas espécies-praga na fase adulta se reproduzem. Por não realizar a ação durante o dia, o robô não representa uma ameaça aos polinizadores, e tão pouco contamina o solo e/ou corpos hídricos, já que luz para quebrar o ciclo reprodutivo dos insetos.
Além disso, a empresa trouxe outra novidade para a plataforma, a função Sprayer, que faz o reconhecimento e aplicação de herbicidas em plantas daninhas-alvo. Essa nova versão “caçadora” é uma atualização da plataforma que foi lançada na edição anterior, que até então realizava o mapeamento do espaçamento, altura, taxa de desenvolvimento e outras características das plantas.
Vale lembrar que a robótica é um dos temas com grande ascensão dentro do agronegócio. Segundo o relatório “Agricultural Robots Market Size”, o mercado de robôs agrícolas deve chegar a quase R$120 bilhões em 2026, por isso nos próximos anos investimentos em P&D são esperados para se habilitar novas gerações desses robôs. A robotização tem se mostrado muito presente nos mapeamentos de Visão de Futuro realizados durante o desenvolvimento das nossas ofertas de Estratégia de Inovação e Estratégia Tecnológica.
Da automação à agricultura de precisão.
Não é preciso andar pela Agrishow para saber que a mecanização já é uma peça fundamental na produção agrícola brasileira, mesmo assim, a variedade de modelos, cores, tipos e tamanhos reunidos lá, atraíam a atenção dos visitantes, sobretudo, as enormes colheitadeiras. No entanto, pensando em avançar no desenvolvimento tecnológico dos maquinários, empresas como Jonh Deere e New Holland, levaram inovações tecnológicas que vão muito além do tamanho, e propõem ao produtor rural maior precisão e automação no ciclo produtivo.
A começar pela colheitadeira CR 10.90 Intellisense, da New Holland que conta com inteligência artificial embarcada para realizar ajustes automáticos e oferecer ao operador diferentes estratégias em função das especificidades de cada lavoura, com o objetivo de aumentar eficiência operacional e a produtividade.
Para a pulverização, a John Deere trouxe a tecnologia See & Spray, capaz de identificar e pulverizar herbicidas especificamente em plantas daninhas, através da utilização de visão computacional e machine learning.
Considerando que ao longo do ciclo produtivo, a pulverização ocorre de 6 a 18 vezes (em alguns casos até 25 vezes) depender da cultura, isso pode representar um custo variável médio de 30% destinados para a pulverização. Portanto, o aumento na precisão de pulverização representa uma economia significativa para os produtores. (dados levados em apresentações no estande)
Ainda no estande da John Deere, os pulverizadores autônomos da Joit-venture Guss Automation estiveram presentes pela primeira vez no Brasil. Esses pulverizadores identificam plantas daninhas, e realizam a aplicação controlada dos herbicidas em função de variações na lavoura.
Diversos desses veículos podem atuar em conjunto e serem supervisionados remotamente, de forma que o gerenciamento e controle de pragas possa ser muito mais assertivo e precoce reduzindo custos e os impactos ambientais.
Colheita de dados.
Essas e muitas outras soluções tecnológicas presentes na Agrishow passam por um tema já muito debatido – dados. Debatido, inclusive, pela Inventta no primeiro estudo “O Futuro do Agro”, lançado em 2022, o uso de dados agronômicos é explorado para trazer em tempo real a variabilidade de fatores ambientais por talhão, amostragens do solo, gerenciar e manejar ataques de pragas, criar zonas de manejo da lavoura, obter um comparativo entre as safras etc.
Já a telemetria de tratores, por exemplo, permite que o produtor use os dados para avaliar o desempenho e corrigir potenciais erros em busca de maior eficiência operacional. Além de serem essenciais para o acompanhamento da “saúde” do maquinário, e dizer quando a manutenção preventiva é necessária, evitando um dos grandes pesadelos dos produtores – maquinário parado.
No entanto, cabe ressaltar que a novidade não está na captura dos dados por si só, mas sim, na centralização e integração dessa enorme quantidade de dados coletados em campo para auxiliar de forma efetiva o produtor na tomada de decisões.
Lidar com dores pontuais do produtor, ajudar a identificar o timming perfeito para implementação de alguma solução entre as janelas de produção, calibrar e atualizar softwares dos maquinários, ou o acompanhamento técnico remoto são alguns dos muitos benefícios para quem captura e analisa os dados.
De olho nisso, e em estreitar as relações com os produtores, várias empresas trouxeram as centrais de operações ou centrais de inteligência. Plataformas capazes de reunir os dados multi-fonte para criar de fato uma inteligência operacional, e explorar essa oportunidade através oferecimento ao produtor de serviços personalizados e em tempo real, para acompanhá-lo ao longo de todo o ciclo produtivo, do preparo do solo até a colheita.
Em busca da tão falada sustentabilidade.
Produzir mais com menos: talvez seja essa a grande resposta para alcançar a sustentabilidade na produção levada pelo agronegócio.
Por trás das tecnologias apresentadas, existem aquelas que são dedicadas à redução e/ou a eliminação do uso de defensivos agrícolas, o aumento na produtividade sem a necessidade de desmatar novas áreas para o plantio graças à eficiência operacional, o uso de fontes alternativas de energia, como painéis fotovoltaicos que podem ser implementados em diversos locais e etapas do ciclo produtivo.
Ou mesmo, a circularidade, como é o exemplo do primeiro trator do mundo movido a gás metano. O T6.180 Methane Power entrega a mesma eficiência energética e operacional que um trator movido a combustível fóssil, a diferença que ele utiliza gás metano proveniente da biodigestão de resíduos agrícolas.
Como foi dito no início, a Agrishow é uma vitrine, uma oportunidade presenciar tecnologias incríveis que já fazem parte da jornada produtiva de algumas fazendas brasileiras. E ao mesmo tempo, espiar as possibilidades tecnológicas de um futuro não tão distante, com o potencial de trazer grandes transformações na relação das pessoas com a produção de grãos, proteínas, fibras, frutas e muitos outros produtos.
Uma reflexão possível dessa breve tentativa de descrever um evento que tem muito mais para ser contado, é que por mais que a tecnologia esteja presente no campo, e de fato traga grandes transformações e melhorias para as diversas cadeias produtivas da agropecuária brasileira, são as pessoas, homens e mulheres que pensam, criam e produzem soluções para os grandes desafios e contradições presentes no campo.
Nesse cenário, é relevante salientar o retorno da inovação para a sociedade. A EMBRAPA em comemoração aos 50 anos de existência, e que recentemente anunciou que devolveu para a sociedade brasileira R$34,70 para cara real investido em 2022, marcou presença na Agrishow.
Dentre as 16 tecnologias, produtos e serviços que atendem tanto o grande produtor, quanto o agricultor familiar, estava, por exemplo, a solução tecnológica inovadora para o sistema de multiplicação e manejo de colônias de abelhas-sem-ferrão (Scaptotrigona depilis), que possibilita a produção de colmeias em escala comercial colmeias em escala comercial, para uso na polinização de cultivos agrícolas, como berinjela, morango, tomate, café entre outras resultando em maior equilíbrio ambiental para os ecossistemas brasileiros.
Por fim, muitas das inovações tecnológicas da Agrishow 2023, e aspectos comportamentais que estão transformando o agronegócio brasileiro serão foco de debate no evento que ocorrerá no dia 18 de maio, no onono – Centro de Experiências Científicas e Digitais da BASF. No dia, A Inventta apresentará “O Futuro do Agro” , trazendo várias atualizações e dados importantes sobre o que podemos esperar nos próximos anos na produção do agronegócio brasileiro. Inscreva-se !
[avatar user=”Pedro Mateus” size=”thumbnail” align=”left” link=”file”]Pedro Mateus é Consultor de Inovação da Inventta.[/avatar]