O que é inovação aberta e por que é tão importante?
Atualmente, o conceito de inovação aberta é amplamente utilizado para descrever a relação entre corporações e startups, o que está correto. No entanto, restringi-lo a esse tipo de relação limita tanto a amplitude do conceito quanto seu potencial de impacto.
Henry Chesbrough criou o termo “inovação aberta” para representar um novo paradigma no qual as empresas poderiam e deveriam utilizar tanto ideias externas quanto internas, além de combinar caminhos internos e externos para levar inovações ao mercado durante o desenvolvimento tecnológico.
Inovação aberta versus inovação fechada
Na prática, diferentemente da inovação fechada — em que apenas o conhecimento interno da organização era usado para inovar — a inovação aberta oferece oportunidades para:
- Incorporar conhecimento externo em todas as etapas do processo de inovação, como ao internalizar ideias ou soluções para escalonamento.
- Gerar valor com o conhecimento interno descartado, por meio de práticas como licenciamento de tecnologias ou criação de spin-offs.
As vantagens de adotar a inovação aberta
O conceito surgiu com a percepção de que nenhuma organização pode deter todo o conhecimento necessário para inovar e que a globalização facilita a conexão entre pessoas. Desde então, as corporações têm identificado diversas vantagens na inovação aberta, como:
- Maior acesso a conhecimento de ponta e competências complementares.
- Redução de riscos e custos no desenvolvimento tecnológico.
- Ampliação da escala de P&D
- Velocidade no desenvolvimento de inovações.
- Otimização dos investimentos em inovação.
Estruturando uma estratégia de inovação aberta
Desde a sua disseminação nos anos 2000, muitas organizações experimentaram diferentes formas de adotar a inovação aberta. Na Inventta, ao longo de uma década ajudando grandes empresas nesse esforço, identificamos três pontos-chave de decisão ao estruturar uma estratégia ou programa de inovação aberta:
- O que fazer: Quais iniciativas ou projetos serão priorizados?
- Com quem colaborar: Quem são os parceiros ideais para alcançar os objetivos?
- Como interagir com os parceiros: Qual será o modelo de colaboração adotado?
Esses três pontos estão interligados e devem ser considerados em conjunto para garantir o sucesso da estratégia.
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O que fazer?
Um ponto essencial para qualquer organização que deseja iniciar um projeto ou programa de inovação aberta com sucesso é definir, com clareza, qual desafio ou necessidade será aberto para uma solução colaborativa.
Existem desafios que se posicionam em diferentes etapas do processo de inovação:
- No início do processo: Focados em encontrar insights para a construção de novos conceitos.
- Mais ao final do processo: Quando o objetivo está claro, mas ainda não se sabe como implementá-lo.
Por exemplo:
- O desafio de melhorar a experiência de um aluno estudando em casa está no início do processo criativo, pois ainda não se sabe o que fazer, abrindo espaço para diversas soluções.
- Já o desafio de criar um aplicativo para interação entre alunos está mais próximo do final do processo de inovação, pois o objetivo já está definido, mesmo que detalhes ainda precisem ser ajustados.
Por que isso importa?
A posição do desafio no processo de inovação influencia as formas de interação mais adequadas.
- No início do processo, iniciativas como competições, hackathons e desafios criativos são mais eficazes.
- No final do processo, especialistas que já possuem soluções prontas podem desconsiderar prêmios se perceberem que a remuneração não reflete o valor gerado.
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Com quem colaborar?
As possibilidades de colaboração na inovação aberta são amplas e incluem diversos atores, como startups, universidades, especialistas, fornecedores e até outras corporações. É essencial analisar as vantagens e desvantagens de cada opção para tomar decisões estratégicas.
Como interagir com os parceiros?
Ao definir formas de interação, as iniciativas podem ser divididas em dois grupos principais:
- Inside-Out: Quando a empresa leva conhecimento interno para gerar valor fora da organização, como por meio de licenciamento de tecnologias ou criação de spin-offs.
- Outside-In: Quando a empresa busca conhecimentos externos para gerar valor internamente, como por meio de parcerias ou internalização de soluções inovadoras.
No quadro abaixo, apresentamos um resumo das possibilidades discutidas.
Chegando ao final: o poder da inovação aberta
Neste artigo, vimos como estruturar uma estratégia de inovação aberta, passando pelos três pilares essenciais: o que fazer, com quem colaborar e como interagir com os parceiros. Falamos sobre a importância de entender onde o desafio está no processo de inovação, as formas de colaboração mais indicadas e como gerar valor dentro e fora da organização.
A inovação aberta é uma oportunidade incrível para acessar novas ideias, reduzir riscos e acelerar resultados. Com uma estratégia bem definida, ela pode transformar a forma como sua empresa enfrenta desafios e cria soluções em parceria com o ecossistema ao redor.
Agora que você chegou até aqui, é hora de pensar em como colocar tudo isso em prática. Afinal, inovar é também se abrir para novas possibilidades e fazer acontecer.