Na primeira parte deste artigo, vimos três fatores importantes para a construção de um bom Desk Research no contexto dos projetos de inovação. Vamos conferir agora quatro questões igualmente fundamentais para que esse processo aconteça de forma ágil e eficiente:
1. Ouvir quem sabe sobre
Já falamos aqui sobre as melhores formas de se conduzir uma entrevista com um especialista (confira neste artigo). Mas vale lembrar o quão rico poderá ser para o Desk Research uma conversa com um especialista do setor.
Ouvir sobre as experiências, visão do mercado e o que a pessoa espera do futuro vai contribuir com muito do que foi pesquisado. É claro, uma andorinha voando sozinha não fará um verão, conseguir um número relevante de especialistas é o ideal, eles podem ser acadêmicos, empresários, jornalistas e, porque não, pessoas que trabalham atualmente naquilo que é seu setor objetivo.
2. Hora de parar, respirar e observar.
Até aqui as etapas foram de levantamento das informações, mas elas por si só não revelarão muito se não forem analisadas e compiladas de forma que permita extrair um resultado que faça sentido.
Por isso as próximas etapas são de certa forma uma consolidação das informações, isso pode acontecer no fim do Desk Research, mas também serve como etapa intermediaria. Se após uma pré-compilação for identificado que ainda não há profundidade suficiente em seus resultados, talvez seja necessário aumentar a intensidade de buscas em algumas das frentes.
3. Cruze as informações
Depois de alguns mergulhos no assunto utilizando as frentes que foram citadas anteriormente e ter conversado com especialistas, o Desk Research já estará carregado de muitas informações e insights que vão ajudar a consolidar todo o material.
Pois bem, é hora de misturar bem os ingredientes e gerar resultado. Dependendo do objetivo do seu projeto, você poderá extrair do Desk Research alguns níveis de consolidação dos resultados, vamos passar por alguns desses que podem fazer parte do seu projeto.
O primeiro são os sinais. Um sinal pode ser, por exemplo, uma startup trazendo uma inovação disruptiva que recebeu recentemente um investimento expressivo, movimentos chave de um grande player ou uma nova lei aprovada que irá mudar o ecossistema de um mercado. Se bem observado, uma série de sinais vão revelar algumas tendências do setor objetivo do Desk Research.
E assim vem a segunda camada de resultados, as tendências são baseadas nos sinais observados, mas elas, por sua vez, exigirão uma análise crítica de tudo que foi observado. É importante estabelecer critérios daquilo que pode ser mais próximo ou distante em um horizonte temporal. E preciso levar em consideração se está próximo do já utilizado ou ainda está surgindo como nova tecnologia, e ainda, que tipo de tendência é essa. E tendência por acaso tem tipo?! Tem! E depois de agrupá-las você poderá ver algo novo. Calma, vamos falar das transformações.
Veja esse exemplo de estudo com tendências sendo comprovadas por sinais: https://materiais.inventta.net/tendencias-futuro-agro
Essa terceira camada do resultado são as transformações. O conjunto de tendências que foram concluídas a partir da sua análise crítica, agora podem ser traduzidas em movimentos visíveis no mercado/setor alvo do seu Desk Research. Semelhante a análise utilizada nas tendências, aqui, também será exigido que critérios sejam estabelecidos, e ainda, uma análise macro de como as tendências apontam para uma determinada direção, seja ela por exemplo, movimentos ESG (saiba mais aqui) consolidação de um modelo de negócio (saiba mais aqui), uma tecnologia emergente com potencial de consolidação etc. tudo isso pode ser traduzido como transformações.
É importante ressaltar aqui que fazer essa análise e estruturar essas transformações não se trata de qualquer tipo de adivinhação, palpite ou chute. Tudo deverá estar embasado por fatos, por movimentos concretos e análises de especialistas do setor.
4. A cereja do bolo
Nesta altura, o Desk Research foi finalizado e as informações necessárias coletadas. Mas o que essas informações podem contar?! Além das tendências e transformações, que foram traçadas a partir de seu olhar analítico, qual seria a visão macro de todo esse esforço? Pois bem, seria o cenário!
Nem sempre o foco do seu estudo será chegar até este ponto, por diversas vezes chegar até as tendências e transformações será o suficiente para ter insights que te levarão a um objetivo de projeto ou rotas para atuar. Mas se você é daqueles que vai até o fim da linha, você poderá pegar todo esse material, alinhado com um horizonte temporal e compor aquilo que será, provavelmente, o cenário do mercado alvo do seu estudo. Levando em conta todas as transformações que aconteceram, consolidadas pelas tendências e sinais atuais, o cenário futuro terá uma série de componentes em inovações, impactos para o setor e uma nova forma de olhar para consumo e produtos.
[avatar user=”Renan Callegari” size=”thumbnail” align=”left” link=”file”]Renan Callegari Consultor de Inovação [/avatar]