Muitos são os estudos sobre projeções e possíveis reflexos que o Corona Vírus tende a trazer para nossas vidas – comportamento da economia mundial, novos valores, novas prioridades, formas revolucionárias de entretenimento, designação de indústrias tradicionalistas para a expansão de suas crenças e atuações em prol de manterem-se ativas e desenvolvendo artigos e equipamentos para fortalecer o combate contra o vilão internacional, além de muito medo e fragilidade.
No nível de nossa atuação, a Inventta tem lidado diariamente com os desafios impostos pelo COVID-19 – estudos de Foresight sendo analisados com relação às novas pressões e mudanças impostas; e realização de Workshops de ideação, processos de planejamento estratégico e modelagem de negócios à distância, fazendo uso de diversas ferramentas que asseguram uma ótima experiência e resultados com alto nível de qualidade e engajamento dos participantes.
Enfim, minha conclusão é de que o Corona traz consigo, além de muitos problemas, desafios, tristezas e incertezas, a oportunidade de inovar.
Se olharmos para um passado não tão distante é possível identificar a criação de empresas, produtos e serviços inovadores para suas épocas como consequência de oportunidades e possibilidades alavancadas por crises.
Microsoft, CNN, Electronic Arts, ARM, o iPod, Airbnb e a Uber são exemplos de empresas e produtos inovadores, para seus respectivos contextos, que foram criados em meio a um cenário de crise. O que é possível identificar como padrão no processo de criação dessas empresas e produtos? Soluções com alto nível de desejabilidade (algumas articuladas, outras não), modelos de negócio disruptivos para as épocas em que foram criados e uma retomada significativa da economia, em decorrência do aumento da relevância desses novos modelos de negócio e das ondas de gerações e comportamentos que absorveram com sucesso os novos modelos de produtos e serviços em questão.
Assim como nos períodos de crise representados no gráfico acima, hoje, em meio à pandemia inserida em um contexto de negócios extremamente fluídos, no qual o Digital é a base praticamente mandatória para todos os negócios e setores, a coopetição (estratégia de negócio que busca combinar as características tanto da cooperação quanto da competição) e a empatia tem aparecido de forma latente, por parte de grandes empresas, em diversas iniciativas inovadoras em resposta às condições impostas pelo COVID-19.
Abaixo apresento algumas que me chamaram muita atenção por seus níveis de disrupção, cooperação e empatia.
Design driven innovation
StatGear:
Empresa norte americana de produtos de sobrevivência, com sede no Brooklyn, lançou uma campanha de pré-venda para o Hygiene Hand. O Hygiene Hand é um chaveiro de latão sólido que pode ser usado para pressionar botões e abrir portas, para que os usuários evitem tocar em superfícies compartilhadas com as mãos. O material de latão é antimicrobiano e 100% reciclável. O Higiene Hand excedeu sua meta de USD 5.000 no primeiro dia e chegou a atingir USD 255.000 de pré-venda. A ferramenta deve ser lançada em maio de 2020 e custará USD 25.
Cooperation & Business driven innovation
Ideal – Programa Thousand People, Thousand Stores:
Rede de lojas físicas revendedora de jóias da China, lançou, no primeiro trimestre de 2020 (em resposta ao fechamento das lojas físicas por causa do COVID-19), a iniciativa Thousand People, Thousand Stores: um programa para transformar os seus vendedores das lojas fisicas em apresentadores de livestream shows. A empresa fez parceria com uma agência de influenciadores digitais e de transmissão ao vivo, para treinar seus funcionários, e lançou uma linha de produtos com preços mais acessíveis para atrair consumidores mais jovens. As comissões para funcionários também foram aumentadas de 3% (valor que era praticado para vendas nas lojas físicas) para entre 10 e 50% (valor que passou a ser praticado para vendas online), para incentivar a participação, engajamento e as vendas.
Cooperation & Purpose driven innovation
WEG e LEISTUNG Equipamentos:
A WEG anunciou um acordo de transferência de tecnologia com a empresa LEISTUNG Equipamentos, fabricante de Equipamento Médico-Hospitalares, para produzir respiradores artificiais que serão utilizados por pacientes com COVID-19. A Companhia vai utilizar a estrutura das suas fábricas de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, para produzir os respiradores. O plano é produzir imediatamente 500 respiradores. Sendo instalada a linha de produção pela WEG, a Companhia terá capacidade estimada de fabricar 50 respiradores por dia e fazer entregas na segunda quinzena de maio.
Cooperation & Purpose driven innovation
GE Healthcare, Ford Motors e Airon Corporation:
As empresas GE Healthcare (fabricante e distribuidora de agentes de diagnóstico por imagem e radiofármacos para modalidades de imagem usadas em procedimentos de imagem médica), a Ford Motors (fabricante multinacional de automóveis) e a Airon Corporation (fabricante de produtos pneumáticos de alta tecnologia para suporte à vida para medicina de emergência e cuidados intensivos) firmaram publicamente uma parceria e anunciaram a produção e distribuição de 50.000 respiradores em 100 dias.
Cooperation & Purpose driven innovation
Central Corona:
O Central Corona é uma plataforma brasileira, criada para conectar pessoas com possíveis sintomas de COVID à médicos por meio de um aplicativo de bate-papo da preferência do “paciente” (WhatsApp ou Telegram). Algumas perguntas serão feitas para confirmar se é necessário encaminhar a chamada a um médico. Se for, a conversa é direcionada para uma fila de solicitações, à qual os médicos voluntários têm acesso.
Cooperation & Purpose driven innovation
Hilton and American Express:
O Hilton fez uma parceria com a American Express para doar um milhão de quartos de hotel nos Estados Unidos para dar a médicos, enfermeiros, paramédicos e outras equipes médicas da linha de frente, um lugar para dormir, recarregar energias ou se isolar. A iniciativa inicialmente durará até o final de maio de 2020.
Business & Cooperation driven innovation
Leon restaurants e Absolute Taste:
Rede britânica de restaurantes transformou seus estabelecimentos em mini-supermercados. John Vincent, fundador do Leon Restaurants, estabeleceu uma parceria com o fornecedor a Absolute Taste para vender refeições pré-embaladas e molhos ao público através dos mini-supermercados e delivery. A rede de restaurantes está estendendo o convite para outros restaurantes e fornecedores a fim de ampliar a rede e atuação.
Enfim, sem dúvidas o mundo não será o mesmo depois do COVID-19. No entanto, é preciso estarmos com os radares ligados e usando de criatividade e adaptabilidade para desenvolver abordagens e soluções inovadoras para superar os atuais e futuros desafios que o cenário em questão nos reserva.
Ter empatia, ser flexível e estar aberto a enxergar seus competidores como possíveis parceiros para geração de valor, e não somente como um competidor, tendem a ser os possíveis grandes aprendizados para os negócios, e inclusive pessoas, para o novo mundo após o COVID-19.