Não adianta negar: em tempos de crise, o olhar e o foco do bom gestor se voltam para ações que tendem a mitigar perdas e melhorar o resultado no curto prazo. É nesse momento que perdem força as iniciativas com maior grau de incerteza ou com horizonte de retorno no médio ou longo prazo.
Em tempos de crise, há uma tendência em se deixar em segundo plano as iniciativas de inovação.
São nesses momentos difíceis que fica mais claro o velho “Dilema da Inovação” identificado pelo saudoso Clayton Christensen. Na essência do insight que ele teve está a constatação de que o design das organizações e o modelo mental estabelecido para geração de resultados de curto prazo jogam contra o esforço de inovação.
Em conjunto com (1) um bom direcionamento (estratégia), de (2) pessoas capacitadas e engajadas (cultura) e de (3) processos e estruturas devidamente estabelecidos para a realização do esforço inovativo, a (4) alocação dos recursos para a inovação dão a dimensão da ambição da Cia. e são essenciais para abastecer a máquina.
Consideramos serem 3 os tipos de recursos utilizados para o esforço de inovação e que apresentam diferentes desafios para os gestores de inovação:
Diante da pressão para decidir sobre a alocação de recursos aos esforços de inovação, os gestores de inovação têm que se municiar dos melhores argumentos para defender os esforços de inovação das suas organizações. O grande aprendizado que tivemos aqui ao longo dos 16 anos da Inventta, e que de fato muda a perspectiva e percepção do problema, é encontrar a versão correta da pergunta: “Como decidir sobre investimentos em inovação em tempos difíceis?”
A grande questão que se enfrenta em relação a investimentos em inovação em momentos de crise é:
Como não deixar escapar a criação de um futuro mais promissor para a nossa Cia.?
Quando a liderança percebe o que está de fato abrindo mão com a decisão de cortar ou reduzir os investimentos em inovação, a perspectiva da decisão é ampliada e cria-se o espaço correto para um debate mais estratégico sobre o tema.
Mas há também outras dicas para lidar com esse desafio que não podem ser desprezadas:
- Distribuir os esforços nos horizontes de impacto (core, adjacências e novos negócios) e assim minimizar o risco do importante virar urgente
- Garantir o alinhamento dos esforços com os objetivos estratégicos. E se for preciso:
- revisar os objetivos estratégicos (e as cestas de projetos)
- diminuir o número de projetos (atenção à comunicação dos projetos que serão descartados)
- Criar estrutura e processo para “proteger” o esforço de inovação de longo prazo
- Buscar alavancagem de recursos (fomentos, financiamentos)
- Ampliar os esforços de inovar de forma colaborativa (co-investimento com parceiros, projetos pré-competitivos)
De fato, não é fácil ser um gestor de inovação em tempos de crise, mas seu trabalho pode se tornar bem mais fácil se a sua empresa tem claro o por quê da realização de tais esforços, dos objetivos a serem alcançados e da ambição da Cia. para alcançá-los, ou seja: uma estratégia de inovação.